Estudantes de Direito em Anápolis pagaram R$ 2,5 mil para falsificar documentos universitários, diz PC
Intenção dos fraudadores era de se formar no curso antes do tempo de 5 anos previsto pelo MEC


A Polícia Civil (PC) forneceu mais detalhes sobre como estudantes de Direito, em Anápolis, falsificavam históricos acadêmicos para “pular” matérias obrigatórias na grade curricular.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira (21), o delegado Luiz Cruz, responsável pelas investigações, destacou que foram cumpridos dois mandados de prisão temporária e quatro de busca e apreensão, além de três quebras de sigilo telefônico.
Um dos presos, inclusive, foi apontado como ex-coordenador do curso de Direito na Faculdade Fibra e também responsável por realizar as falsificações, tudo com o intuito de reduzir o tempo de curso.
Para trazer mais credibilidade às adulterações, o suspeito inclusive utilizava a logo oficial da instituição e se valia da posição que tinha ao elaborar os documentos.
“Esses alunos, em posse desse documento falso, iam para outra instituição de ensino e utilizavam esse histórico falso […] O curso tem 10 períodos, eles compravam quatro, três, e faziam o resto”, destacou.
Os valores cobrados dependiam da quantidade de matérias ou complexidade da falsificação, mas giravam em torno de R$ 2.500.
Como funcionava
A PC explicou que a captação de possíveis clientes era feita também pelos próprios alunos, sendo que o segundo preso da operação é discente do 9° período do curso, na Faculdade Fama.
“Esse aluno tinha a função de fazer a captação de novos interessados. Ele compartilhava nos corredores da faculdade com colegas que tinham interesse de entrar no esquema, comprando esse histórico falso […] para reduzir o tempo de custo”, detalhou Luiz Cruz.
Até o momento, a PC já identificou objetivamente três discentes que se beneficiaram desse esquema fraudulento, mas outros 10 estão ainda sob análise.
“Durante as buscas, recolhemos uma farta documentação, computadores e similares, esperamos encontrar mais documentos falsos”, pontuou o delegado.
As investigações tiveram início após a Fama encaminhar uma denúncia à PC, levantando suspeitas acerca de uma documentação enviada.
Além de analisar os materiais apreendidos, as autoridades pretendem questionar as faculdades de Anápolis, em especial as que ofertam o curso de Direito, para verificar possíveis adulterações.
Os suspeitos poderão ser investigados por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Caso novos elementos surjam, o grupo também poderá ser indiciado por associação criminosa.
Posicionamento
O Portal 6 entrou em contato com as duas instituições de ensino cobrando um posicionamento a respeito das investigações conduzidas pela PC.
Contudo, até o fechamento da matéria, apenas a Fama respondeu ao pedido de nota. O espaço segue em aberto para manifestações da Faculdade Fibra.
Confira na íntegra a resposta do Centro Universitário Fama (UniFAMA):
O Centro Universitário FAMA – UniFAMA, reafirmando seu compromisso com a transparência institucional e com a ética que orienta todas as suas práticas acadêmicas, vem a público se manifestar sobre a operação policial realizada nesta data, na cidade de Anápolis, relacionada à apuração de suposta comercialização de documentos acadêmicos falsos.
Desde o início das investigações, a UniFAMA tem colaborado integralmente com as autoridades competentes, adotando uma postura responsável, proativa e alinhada aos princípios legais e institucionais que regem
sua atuação.
Reiteramos que seguimos firmes em nosso propósito de zelar pela qualidade do ensino, pela integridade dos nossos processos e pela formação ética e responsável dos nossos acadêmicos. Condutas individuais que contrariem esses valores não refletem a missão nem os princípios da instituição.
Esclarecemos, ainda, que quaisquer novas informações serão divulgadas exclusivamente por meio dos canais oficiais da UniFAMA.
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