PC investiga morte de criança em hospital de Goiânia após suposto erro médico
João Miguel Sousa Freitas passou por suscetíveis problemas após dar entrada no Hecad


A Polícia Civil (PC) está investigando a morte um garotinho, de apenas 02 anos, que faleceu após mais de três semanas internado no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad).
João Miguel Sousa Freitas sempre teve uma situação de saúde deliciada: era portador de hidrocefalia e necessitava de cuidados 24h por dia, mas tudo piorou quando apresentou sintomas de bronquiolite, no dia 06 abril.
A mãe, a dona de casa Ana Paula Souza Freitas, então levou o filho para o Hospital Municipal Antônio Batista da Silva, em Bela Vista de Goiás, mas a situação da criança se agravou ainda mais.
Por conta disso, ele precisou ser transferido para o Hecad, em Goiânia, onde foi diagnosticado com uma pneumonia bilateral, em decorrência de uma infecção generalizada — informação que a mãe nunca acreditou 100%.
Na unidade hospitalar, a equipe médica colocou uma sonda gástrica em João Miguel, sem a devida autorização da mãe, que questionou o hospital pela ação, visto que ele sempre se alimentou normalmente, sem necessidade de auxílio de aparelhos.
Piora no quadro
O que, por si só, já era preocupante, só piorou ainda mais. Isso porque o garotinho aspirou o leite da sonda e ter um agravamento no quadro. O motivo? A sonda havia sido colocada de forma errada, e por isso o criança teria aspirado o líquido.
Mas já era tarde, não demorou muito para João Miguel ser transferido para a UTI e, após 21 dias internado, vir a óbito.
A cena, que já era indignante, se agravou após a mãe denunciar uma série de lesões no corpo de João Miguel. Elas teriam surgido após a má colocação da sonda, com ferimentos na orelha, cotovelo, tórax e tornozelo.
Por conta disso, a família acionou o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO). O órgão constatou a situação de negligência médica e omissões no atendimento hospitalar, que foi acatado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO).
Com isso, a Justiça autorizou a instauração de um inquérito para apurar o ocorrido. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) deve ficar responsável pelas investigações.
O que dizem o Hecad?
O Portal 6 entrou em contato com o Hecad, hospital onde a criança teria passado os últimos dias até falecer, mas, em nota, a unidade de saúde relatou que realizou todas as medidas clínicas e terapêuticas indicadas, uma vez que ele apresentou sinais de disfagia e episódios de vômito.
Além disso, o hospital alegou que, por conta da impossibilidade de alimentação oral, foi necessário colocar a sonda, visto que o pequeno já apresentava desnutrição, sendo que a mãe foi avisada de todo o processo, esclarecendo a gravidade do quadro, incluindo a necessidade da sonda.
Ainda segundo o Hecad, a mãe teria apresentado resistência e até ameaçado sair do hospital e, por isso, foi necessário apoio da equipe assistencial para assegurar a continuidade do tratamento. Contudo, devido ao quadro clínico de choque clínico, João Miguel não resistiu e foi a óbito.
Contato com a SES
Também contatamos a Secretaria de Estado de Saúde (SES) mas, de mesmo modo, não recebemos a resposta. O espaço segue aberto para eventuais posicionamentos.
Confira a nota do Hecad na íntegra:
“O Hospital Estadual da Criança e do Adolescente de Goiás (Hecad) informa que o paciente, portador de hidroanencefalia, foi admitido na unidade no dia 15 de abril de 2025 com diagnóstico de Pneumonia e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Desde a admissão, foram adotadas todas as medidas clínicas e terapêuticas indicadas para o quadro, incluindo proteção de vias aéreas e avaliação da via alimentar, devido à presença de disfagia moderada pré-existente e episódios de vômito. Após avaliação da equipe de fonoaudiologia, foi constatada a impossibilidade de alimentação por via oral, sendo indicada a sondagem enteral para garantir a segurança alimentar do paciente que apresentava sinais de desnutrição.
Durante a internação, a equipe multiprofissional buscou dialogar com a responsável legal, esclarecendo a gravidade do quadro e a necessidade de manutenção da internação e dos cuidados propostos, incluindo a sondagem. Houveram episódios de resistência e ameaças de evasão, sendo necessário apoio da equipe assistencial para assegurar a continuidade do tratamento.
Em razão de resistência anatômica identificada durante a tentativa de passagem da sonda, foi necessário parecer da gastropediatria. O procedimento foi realizado sob visualização direta por endoscopia, sem intercorrências, no dia 23 de abril. Ainda assim, o paciente evoluiu com piora respiratória progressiva, sendo transferido para a UTI conforme os protocolos assistenciais. Apesar de todos os esforços da equipe multiprofissional, o quadro evoluiu para choque séptico e, infelizmente, o paciente foi a óbito no dia 6 de maio de 2025.
O Hecad reafirma seu compromisso com a assistência ética, humanizada e baseada em evidências, prestada por equipe especializada e capacitada, e se solidariza com a dor da família neste momento difícil.”
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