Graduação: estudantes de Medicina que fraudaram bolsas serão acionados na Justiça para devolver o dinheiro
Prefeito Márcio Corrêa levou o caso ao MPGO e informou programa está oficialmente suspenso, mas que avaliar o que pode ser feito para aqueles alunos que de fato precisam


A Prefeitura de Anápolis vai acionar judicialmente os estudantes de Medicina que fraudaram bolsas do programa Graduação. O caso foi levado pelo prefeito Márcio Corrêa (PL) ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) nesta quinta-feira (10).
Em fevereiro deste ano, a gestão municipal havia suspendido o programa para a realização de auditoria. Criado pelo ex-prefeito Roberto Naves (Republicanos), o Graduação firmou convênios com instituições de ensino da cidade para custear 100% das mensalidades dos estudantes selecionados.
A lei do programa previa que apenas alunos em situação de vulnerabilidade fossem contemplados, com a contrapartida de prestação de serviços nos órgãos da Administração Municipal. Mas não foi o que ocorreu, conforme investigação realizada pela Prefeitura de Anápolis.
Principalmente no curso de Medicina — que tem custo de cerca de R$ 10 mil mensais por bolsa — foram identificados entre os beneficiários filhos de empresários e até fazendeiros, que tinham plenas condições de arcar com as mensalidades.
Segundo o prefeito, houve estudante que chegou a mudar de residência, indo morar temporariamente na casa da avó, apenas para fraudar os dados socioeconômicos e se enquadrar nas exigências do programa.
“Educação superior é responsabilidade do Governo Federal. O município deve investir onde é sua obrigação e onde faz mais diferença, que é creche e ensino fundamental. Não faz sentido pagar mensalidade de curso de Medicina para quem tem condições de arcar com esse custo. Enquanto eu for prefeito, isso não vai acontecer”, avisou.
Rombo de mais de R$ 10 milhões deixado por Roberto Naves
Além das fraudes nos critérios socioeconômicos e até na contrapartida de prestação de serviços, o programa acumula um passivo de mais de R$ 10 milhões deixado pelo ex-prefeito Roberto Naves, que por dois anos não repassou os valores às instituições de ensino.
A dívida também foi omitida na transição de gestão e só foi descoberta após auditoria própria da Administração Municipal nas contas da Prefeitura no início do ano. “É um rombo milionário que a gestão anterior causou ao município”, ressaltou Márcio.
Apesar da gravidade das irregularidades, o prefeito enfatizou que a Prefeitura de Anápolis reconhece que, dentro do conjunto de beneficiários, há pessoas que realmente precisam da bolsa. Por isso, garantiu que haverá diálogo com as instituições de ensino para buscar alternativas viáveis a esses estudantes.
“O programa está oficialmente suspenso na cidade. Mas vamos avaliar, junto com as faculdades, o que pode ser feito para não prejudicar quem, de fato, depende dessa ajuda para continuar estudando”, finalizou.
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