Entenda por que “tarifaço” de Trump pode causar colapso na saúde em Goiás

Contrapartida do Governo Federal pode causar impactos que chegam à casa dos R$ 16 bilhões, afetando sistema público e privado

Natália Sezil Natália Sezil -
Entenda por que “tarifaço” de Trump pode causar colapso na saúde em Goiás
Unidade Básica de Saúde, em Anápolis. (Foto: Divulgação)

Com o início do “tarifaço” imposto por Donald Trump cada vez mais próximo, já preocupando os setores alimentício e de mineração, outra área muito importante do Governo de Goiás vê pela frente um possível colapso: a Saúde.

Seja no setor privado ou no Sistema Único de Saúde (SUS), a previsão mais frequente é de que as taxas acabem aumentando diversos custos essenciais. Manutenção de equipamentos, aquisição de insumos e de medicamentos de alta complexidade entram na lista.

O cenário pode incluir até mesmo o fechamento de diversos hospitais, sobrecarregando o SUS – como destacou o secretário da pasta, Rasível Santos.

O representante explica: “a gente já teve cinco hospitais que deixaram de funcionar (em 2025) e eu estava ouvindo agora na reunião que tem em torno de 10 hospitais que estão nessa situação”, detalhou.

Rasível Santos, secretário da Saúde de Goiás. (Foto: Divulgação)

Rasível Santos, secretário da Saúde de Goiás. (Foto: Divulgação)

Legislação

A principal preocupação, como já havia antecipado o governador Ronaldo Caiado (UB), vem da ideia de reciprocidade tarifária – uma lei sancionada pelo presidente Lula (PT) em abril deste ano e amplamente aprovada pelo Congresso Nacional.

A legislação determina que haja critérios proporcionais em caso de barreiras comerciais a produtos brasileiros. Na prática, isso significa que o Brasil pode “responder à altura”, o que pode acontecer por três formas.

A primeira delas é por retaliação direta, por meio de tarifas equivalentes sobre os produtos estadunidenses. A segunda é por ações multilaterais, se articulando com outros países que também sofreram as taxas. A terceira é pela revisão de isenções comerciais, desfazendo acordos bilaterais que beneficiem os EUA.

De qualquer forma, caso aplicada, a Lei da Reciprocidade pode significar um aumento de custos de mais de US$ 3 bilhões anualmente (hoje, o equivalente a R$ 16,68 bilhões).

Isso porque diversas peças e insumos, utilizados em aparelhos como ressonância magnética e tomógrafos, precisam ser importados, sendo adquiridos principalmente com fornecedores norte-americanos.

Indústria farmacêutica

O presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sinfaego), Marcelo Reis, explica o que avalia como “impacto desastroso”.

Medicamentos de alto custo como os oncológicos e para as chamadas doenças órfãs (ou raras), além de imunobiológicos, possuem patente norte-americana. Não se faz substituição de maneira simples”, diz.

Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Rafael Martinez, a falta de insumos pode estender os impactos e significar também a redução de postos de trabalho no sistema privado.

Reunião envolveu equipes da Secretaria de Saúde e representantes de entidades do setor.

Reunião envolveu equipes da Secretaria de Saúde e representantes de entidades do setor. (Foto: Divulgação)

Área da Saúde tenta se preparar

Diante das preocupações, uma reunião realizada neste sábado (26), entre o secretário da Saúde e representantes de entidades do setor, definiu a criação de um Fórum Permanente dos Setores Público e Privado.

O objetivo é acompanhar o cenário diante dos impactos da guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos. A proposta é de que o fórum siga os mesmos moldes do comitê que foi criado durante a pandemia de Covid-19.

Além das tentativas regionais, o tema também deve ser levado por Caiado ao próximo fórum de governadores, na busca pelo apoio de outros estados.

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