Especialista explica por que fechar Bosque dos Buritis, em Goiânia, seria decisão ineficaz de Mabel

Medida do prefeito de Goiânia foi tomada após assassinato do músico Bruno Duarte

Davi Galvão Davi Galvão -
Sandro Mabel anunciou que Bosque dos Buritis será fechado a partir das 22h. Medida já está em vigor (Foto: Reprodução)
Sandro Mabel anunciou que Bosque dos Buritis será fechado a partir das 22h. Medida já está em vigor (Foto: Reprodução)

A nova medida encabeçada pelo prefeito Sandro Mabel (UB) de fechar os portões do Bosque dos Buritis a partir das 22h, vem gerado repercussão especialmente quanto a eficácia ante a segurança pública.

A iniciativa tem como intuito “assegurar a tranquilidade para os moradores da região”, nas palavras do mandatário, e ganhou enfoque especial após o assassinato do músico Bruno Duarte, em frente ao local. Outros tópicos levantados foram os pontos de tráfico no local, bem como supostos relatos de orgias que aconteceriam pela região.

Porém, para o Doutor e Professor de sociologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG) Dijaci David de Oliveira, a proibição da circulação de pessoas é uma medida extrema e, ao final do dia – ou melhor dizendo, da noite – ineficaz.

Dijaci David de Oliveira também coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre Criminalidade e Violência da FCS/UFG. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tem um grande equívoco nessa determinação. Ao menos com relação ao homicídio [de Bruno], é preciso entender que esse é um tipo de crime muito difícil de ser evitado. Se lá estivesse fechado, quer dizer que ele [Bruno] não teria sido morto? Não dá para tratar dessa forma simplista, dada a natureza passional do crime, que poderia ocorrer em qualquer local propício”, pontuou.

Ainda com relação aos supostos casos de orgias e as denúncias de pontos de tráfico no Bosque dos Buritis, o especialista, que também coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisa Sobre Criminalidade e Violência da FCS/UFG, destacou que a “solução” proposta também é falha.

“Impedir a circulação de pessoas durante o período noturno não resolve o problema, apenas o disfarça. Vai continuar sem iluminação, com a calçada em péssimas condições, com sujeira, só vai privar a população de usar um espaço público“, pontuou.

Ele reforçou que, especialmente para o público que trabalha em horários alternativos, não é viável restringir ainda mais as opções de espaços para prática de atividades físicas ou lazer.

Precisa de gente

Na visão de Dijaci, o ideal seria que a Prefeitura, em diálogo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), elaborasse um plano de revitalização com foco na segurança para todos os parques da cidade, e não apenas o Bosque dos Buritis.

“A SSP já tem essa expertise, tem a capacidade de elaborar um plano eficaz. Nesse sentido, a Guarda Civil poderia entrar como um complemento. Mas o importante é iluminar bem a região, não deixar pontos escuros, revitalizar como um todo. O parque precisa de circulação de pessoas, mas ninguém vai para lá se ficar abandonado pela gestão”, disse.

Nesse sentido, outra medida que poderia ser implementada é a de vídeo-monitoramento aos moldes do que acontece, por exemplo, nos campi da UFG.

Por lá, a Secretaria de Promoção da Segurança e Direitos Humanos (SDH) mantém um avançado sistema de mais de 2 mil câmeras, o que contribui com menor tempo de resposta em eventuais emergências.

“Algo parecido poderia acontecer em todos os parques da cidade. Não é viável colocar um agente de segurança em cada canto, mas um sistema que permitisse uma maior vigilância já daria um motivo a mais para as pessoas se sentirem seguras e passarem a frequentar esses locais”, disse.

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Davi Galvão

Davi Galvão

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Atua como repórter no Portal 6, com base em Anápolis, mas atento aos principais acontecimentos do cotidiano em todo o estado de Goiás. Produz reportagens que informam, orientam e traduzem os fatos que impactam diretamente a vida da população.

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