Estudos mostram por que algumas pessoas rendem mais à noite do que de manhã
Pesquisas em neurociência e cronobiologia revelam que o relógio biológico explica por que alguns indivíduos atingem o pico de produtividade apenas depois do anoitecer

Quando se fala em pessoas que rendem mais à noite, muitos imaginam que é uma escolha pessoal ou uma mania adquirida ao longo da vida. No entanto, estudos mostram que esse comportamento é biológico.
O corpo humano funciona com base em um relógio interno chamado ritmo circadiano, responsável por regular energia, sono, atenção e hormônios ao longo do dia.
Em parte da população, esse relógio é naturalmente programado para atrasar as fases de alerta e concentração, fazendo com que o desempenho máximo apareça depois do entardecer.
Esse padrão é comum em adultos jovens, mas também se mantém em muitos adultos que, mesmo tentando se ajustar, não conseguem render bem pela manhã.
O cérebro ativa mecanismos diferentes no período noturno
Pesquisas apontam que pessoas que rendem mais à noite possuem maior liberação de dopamina e maior estabilidade de foco durante as horas tardias.
O nível de cortisol, que ajuda na disposição, também se mantém mais equilibrado no fim do dia. Além disso, áreas do cérebro responsáveis por tomada de decisão e criatividade ficam mais ativas quando o ambiente está silencioso e a quantidade de estímulos diminui.
Esse conjunto de fatores cria um período de hiperconcentração que muitas vezes não aparece pela manhã.
A melatonina e o atraso natural no ciclo de sono
O hormônio melatonina, responsável por preparar o corpo para dormir, é liberado mais tarde em pessoas com cronotipo noturno. Isso significa que o organismo só entra em modo de descanso horas depois do padrão considerado comum.
Como consequência, a mente permanece alerta enquanto a maioria já está indo dormir, o que favorece estudos, trabalho intelectual e tarefas criativas.
É justamente esse atraso natural que faz com que acordar cedo seja tão desafiador para esse grupo, mesmo depois de noites completas de sono.
A influência do silêncio e da ausência de estímulos
Outro fator que explica por que algumas pessoas rendem mais à noite é o ambiente. O mundo fica mais silencioso, as notificações diminuem e as interrupções desaparecem.
O cérebro aproveita esse cenário para concentrar energia em atividades que exigem raciocínio profundo. Especialistas afirmam que a ausência de ruídos sociais e digitais cria uma sensação de clareza difícil de alcançar durante o dia, quando tudo acontece ao mesmo tempo.
Isso mantém o foco estável e melhora a execução de tarefas longas.
Por que nem sempre é possível mudar esse padrão
Embora seja possível ajustar alguns horários com disciplina, o cronotipo — a tendência natural do corpo — não muda completamente.
Pessoas biologicamente noturnas podem até acordar cedo com esforço, mas dificilmente alcançam seu melhor desempenho antes das primeiras horas da noite. Forçar esse ajuste pode gerar cansaço crônico, irritabilidade e queda de produtividade.
Por isso, especialistas defendem que entender esse funcionamento ajuda a planejar o dia com mais eficiência, respeitando o momento em que o cérebro trabalha melhor.
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