Cobras estão à solta em Goiás e especialistas explicam por que dar de cara com elas está tão comum e como reagir
Não se deve fazer torniquetes e tentar chupar o veneno da ferida, por exemplo, estão entre as práticas populares que devem ser evitadas
Está se tornando cada vez mais comum a aparição de cobras nas residências em Goiás. Apenas entre 2020 e 2021, o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama registrou o recebimento de 318 serpentes nos municípios goianos.
O Portal 6 entrevistou diferentes especialistas para entender os motivos que estão levando os répteis para os centros urbanos e por que isso está se tornando tão comum.
A médica veterinária Elisângela Sobreira explicou que o desmatamento do habitat natural da cobra é um fator determinante para que os animais se aproximem de ambientes urbanos. As espécies mais comuns no estado são a jararaca, a cascavel e a jiboia – sendo esta última a única não venenosa.
“Bairros mais afastados, próximos de matas e que possuem presença de dejetos descartados de forma inadequada também acabam sendo mais propícios ao aparecimento de serpentes”, destacou a médica veterinária.
A época de chuvas em Goiás também faz com que o réptil procure lugares mais quentes, pois depende do calor do ambiente para poderem se aquecer internamente.
“Ele acaba procurando abrigo e comida nesses locais. Onde tem lixo acumulado acaba sendo mais favorável para o aparecimento. Esses ambientes costumam atrair roedores, que são alimento para as cobras”, alertou Elisângela.
O sargento Junqueira, do Corpo de Bombeiros, explicou ao Portal 6 que o primeiro procedimento a se fazer, ao lidar com o animal dentro da casa, é ligar para a corporação.
Em seguida, é importante manter distância da serpente, para evitar ser atacado por ele e, se possível, não perder o contato visual. Com isso a pessoa poderá indicar à equipe dos bombeiros onde ela está, agilizando a captura.
“Nunca tente conter a cobra por conta própria. Isso pode levar a acidentes graves. Não se esqueça que elas são animais silvestres, protegidos por lei. Matar, ferir ou captura-los é crime”, alertou Junqueira.
Em casos de mordida, a pessoa deve procurar imediatamente uma unidade de saúde ou, caso seja necessário, acionar o Corpo de Bombeiros Militar ou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Por fim, não se deve fazer torniquetes, tentar chupar o veneno da ferida ou qualquer outra prática popular que possa vir a agravar a situação.
Prevenção
Como forma de evitar a surpresa de chegar em casa e dar de cara com a serpente, Elisângela Sobreira listou algumas medidas que podem ser feitas.
“Manter o quintal e jardim limpos, capinar, evitarem entulhos para não atrair roedores. Tem que manter tudo limpo. Para quem vive em zonas rurais, é importante colocar telas de proteção nas janelas, frestas de porta e no telhado.”
“Também é importante olhar os sapatos para não ser surpreendidos, verificar roupas, embaixo das camas. Se a pessoa estiver fazendo uma trilha, sempre usar coturno, perneira, e olhar as árvores. Jiboias, por exemplo, gostam de se enroscar em troncos”, complementou.