“Meu filho não existe mais. Isso dói tanto”, lamenta pai de criança que morreu atingida por caixa d’água

Laudo mostrou que estrutura não era adequada para suportar peso e dono da casa ainda estaria ameaçando despejar a família

Davi Galvão Davi Galvão -
“Meu filho não existe mais. Isso dói tanto”, lamenta pai de criança que morreu atingida por caixa d’água
Pequeno Otiniel havia acabado de completar seis anos. (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil de Goiás finalizou o laudo que mostra que a caixa d’água que desabou no município de Corumbá e matou o pequeno Otniel Gonçalves da Cunha, que havia acabado de completar 06 anos, não tinha suporte adequado para suportar tanto peso.

Responsável pelo caso, o delegado Tibério Martins Cardoso afirmou que o suporte foi construído de forma precária e não apresentava elementos estruturais mínimos, como concreto armado, estrutura metálica, elemento de fundação e vigamento.

Ainda segundo o investigador, a resistência era baseada apenas na capacidade de carga dos tijolos. Por isso, o  proprietário da casa, que encomendou a instalação da caixa d’água, assim como o responsável pelo projeto, devem ser intimados e podem responder por homicídio culposo.

Ainda bastante abalado, o pai da criança, João Batista da Cunha, em entrevista ao Portal 6, afirmou que espera que a justiça seja feita em nome do filho.

“Ele não merecia sabe? Ninguém merece, eu sei, mas ele não tinha nem 06 anos direito, nunca fez mal para ninguém. Meu filho simplesmente não existe mais. Eu não posso nem mais segurar ele, isso dói tanto”, lamentou.

João ainda vive de aluguel no imóvel em que a tragédia aconteceu. Lá também moram a esposa e mais 04 filhos, sendo três meninas e um garotinho recém-nascido.

Extremamente afetado, o pai da criança não consegue sequer voltar ao trabalho desde a morte do garoto, mas já está com o aluguel atrasado e prestes a ser expulso do local.

“O que me dá mais raiva é que eles [os proprietários] não construíram a caixa d’água do jeito certo, meu filho morreu, e eles não me dão nem tempo para eu me organizar. Esse mês já ameaçaram até chamar advogado se eu não pagar, mas eu não consigo ainda. Estou passando por uma fase depressiva que eu não sabia nem ser possível de acontecer com alguém”, revelou.

Em tempo

No dia 18 de julho, por volta das 11h, Otniel estava brincando no quintal de casa com uma das irmãs quando, repentinamente, a estrutura desabou.

Emocionado, o pai admitiu que, na hora, não conseguia nem pensar direito, mas que vizinhos acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que teria demorado quase uma hora para chegar.

“A base do SAMU fica a menos de 1 km daqui e, mesmo assim, a polícia chegou antes dos médicos. Eles [os policiais] foram de viatura lá para ver o que estava acontecendo e os socorristas estavam fazendo chupeta na ambulância, que estava sem bateria”.

Assim que a ambulância chegou, o garoto recebeu os primeiros cuidados médicos e foi encaminhado ao Hospital Municipal de Corumbá de Goiás.

Devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido no mesmo dia para o Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA), em Anápolis, mas acabou não resistindo.

“Eles ainda queriam transferir meu menino para a capital, mas o helicóptero não tinha UTI montada. Meu filho se acidentou 11h e foi morrer só 23h. Ele lutou o máximo que conseguiu. Não foram só os donos da casa que mataram ele, o Estado também tem culpa” finalizou o pai.

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