Pastor de Anápolis que fingia “incorporar anjos” para abusar de fiéis é solto por demora no julgamento

Líder religioso e esposa teriam se aproveitado de momentos frágeis para fazer pelo menos 14 vítimas

Natália Sezil Natália Sezil -
Pastor de Anápolis que fingia “incorporar anjos” para abusar de fiéis é solto por demora no julgamento
Pastor Vanderlei Antonio de Oliveira. (Foto: Reprodução)

O caso do pastor suspeito de “incorporar anjos” para abusar sexualmente de fiéis em uma igreja de Anápolis, preso preventivamente desde outubro de 2023, ganhou mais um capítulo esta semana.

Vanderlei Antonio de Oliveira e a esposa, Maria de Lourdes dos Santos Oliveira, receberam habeas corpus e devem responder em liberdade, com uso de tornozeleira eletrônica.

A decisão da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) reconheceu que houve excesso de prazo no processo, segundo informações do site especializado Rota Jurídica.

O magistrado considerou que a prisão preventiva de um ano e quatro meses é desproporcional, já que a demora foi resultado da atuação estatal e não há perspectiva de finalização processual.

Além dos alvarás de soltura, também foram determinadas medidas cautelares, como a proibição aos acusados de manter contato com as vítimas e testemunhas.

O pastor, que teria uma situação sugestiva de doença mental, também deve comprovar o acompanhamento mensal com médico psiquiatra e uso de medicamentos.

Relembre

As primeiras denúncias surgiram em outubro de 2023, quando fiéis da Assembleia de Deus Ministério Bola de Fogo, localizada no Jardim das Américas 3ª etapa, alegaram terem sofrido momentos de abuso na instituição.

Vanderlei, líder da igreja, era suspeito de se aproveitar da posição e de períodos de fragilidade emocional das vítimas, que o procuravam com diversos problemas, para convencê-las a praticarem atos sexuais.

A esposa, Maria de Lourdes, também teria participado ativamente dos crimes. Segundo as apurações, ela dizia às vítimas que elas deveriam escutar ao pastor para que não fossem punidas por desobediência, argumentando que ele agia com a vontade “dos anjos”.

Ela também seria a responsável por “vigiar” os ambientes onde ocorriam os abusos, para que não fossem flagrados. As ações aconteciam em diversos locais: na casa do casal, das mulheres ou até mesmo em um quartinho da igreja.

Cronologia

Ainda no início de outubro de 2023, uma medida protetiva havia sido solicitada contra Vanderlei, baseada na Lei Maria da Penha, que configura violência doméstica e familiar contra a mulher.

Apesar disso, o pedido foi negado, devido aos requisitos técnicos da legislação: que a violência tenha ocorrido em ambiente doméstico ou que o agressor tenha convivência íntima com a vítima.

Com duas denúncias inicias, o caso reuniu cada vez mais testemunhas, totalizando pelo menos 14 vítimas e uma ocorrência vivida ainda em 2013. Uma das situações chegou a ser veiculada com detalhes pelo Portal 6.

O suspeito se entregou à Polícia Civil (PC) cerca de três semanas após a explosão do caso, em 20 de outubro. Maria de Lourdes foi presa três dias depois, no dia 23.

Diante disso, o Ministério Público de Goiás (MPGO) solicitou a condenação de ambos, em novembro de 2023. De acordo com a denúncia, o líder religioso também gravava os atos libidinosos e enviava os vídeos em grupos de WhatsApp.

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