Angolano que vive em Anápolis procura a polícia após receber bilhete racista e xenofóbico no trabalho: “tenho nojo da sua raça”
Jovem decidiu deixar o emprego, acordando com o colégio em que atuava como zelador desde junho

Um jovem angolano, residente em Anápolis desde sua chegada ao Brasil em abril, foi vítima de racismo e xenofobia no colégio onde trabalhava como zelador. O episódio ocorreu na última terça-feira (25), e, em consequência, ele optou por encerrar seu contrato de trabalho em um acordo com a instituição.
Em entrevista exclusiva ao Portal 6, Almiro Osvaldo Martins, de 21 anos, relatou o ocorrido. Ele contou que trabalhava no Colégio Objetivo, no bairro Jundiaí, desde junho e, ao final do expediente, encontrou um bilhete que descreveu como “algo horrível e muito podre”.

Almiro Osvaldo Martins, de 21 anos, foi vítima de racismo e xenofobia no trabalho. (Foto: Arquivo pesoal)
No seu armário, localizado em uma área sem cobertura das câmeras de segurança, foi deixado um pedaço de papelão com a seguinte mensagem: “Não sei você, mas eu tenho nojo da sua raça. Preto brasileiro é diferente, vai embora africano de merda”.
O jovem reiterou que a decisão de deixar o emprego foi motivada pela situação e acordada com o colégio, do qual afirma ter recebido total apoio. “Aquilo me deixou muito triste, muito abalado, pois não era só um desrespeito, mas era um crime e um grande abuso”, justificou.
Almiro afirma não ter suspeitas sobre a autoria da mensagem racista e xenofóbica, mesmo mencionando eventuais desavenças e mal-entendidos com colegas, situações que considera normais em qualquer ambiente de trabalho. “Como em qualquer outra empresa”, resumiu.
Incentivado por sua namorada, que é brasileira, ele procurou a Central de Flagrantes de Anápolis. A ocorrência foi registrada como injúria racial na noite de terça-feira (25) e encaminhada para a 3ª Delegacia de Polícia, que ficará responsável pela investigação inicial do caso.
Posição do Colégio
Contatado pela reportagem, o Colégio Objetivo confirmou o pedido de desligamento do funcionário e o acordo realizado entre as partes. Sobre a colaboração para identificar o autor do ato, a instituição afirmou que “todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas”.
A instituição também declarou ter oferecido total liberdade e apoio a Almiro. “A vítima terá liberdade e autonomia, se assim quiser, para levar o caso às autoridades competentes”.
Por fim, o colégio ressaltou que não compactua com atitudes, falas ou comportamentos racistas, xenofóbicos ou qualquer outro tipo de crime, e que medidas disciplinares já estão em andamento.
O futuro
Questionado pelo Portal 6 se o episódio o desmotivaria a permanecer no Brasil, Almiro foi enfático. “Eu sei que vai ser difícil e que ainda vão ter pessoas más, pessoas ruins, mas eu ainda prefiro continuar fazendo o que vim fazer”, declarou, explicando que veio ao país para “tentar a vida”.
Esperançoso de que o responsável pelo ato de racismo e xenofobia seja identificado e punido, Almiro compartilhou uma reflexão:
“Para além da divisão social, entre classe baixa, média e alta, eu senti que a minha cor, ela incomoda muita gente e que é bem notório quando eu sou pobre. Quanto mais pobre eu for, menos a minha cor é tolerada. E quanto mais rico…”, finalizou.
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