Reportagem dos anos 80 que tratou homossexuais em Anápolis como criminosos viraliza e gera revolta
Texto publicado no extinto “Correio do Planalto” está no Arquivo Histórico do Museu Zeca Batista
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Uma reportagem publicada pelo extinto jornal Correio do Planalto, que circulava em Anápolis nos anos 80, retratou homossexuais como criminosos. A edição está disponível no Museu Zeca Batista.
Logo na manchete, o periódico diz que pessoas LBGTQIA+ “perturbam sossego público na Praça Bom Jesus”.
A matéria colheu depoimentos de comerciantes e transeuntes, além de religiosos que atuavam na Paróquia Bom Jesus na época, e afirmou que, toda noite, às 22h, eles iniciavam o que foi descrito pelo jornal como “aventuras noturnas”.
O texto ainda menciona que havia blitz para prender travestis. O relato afirma que jovens eram perseguidos por homossexuais “que infestam as imediações do Fórum e fonte luminosa”.
“Enquanto os rapazes recebem propostas impublicáveis, as moças são ofendidas por palavrões e insultos de todas as espécies”, escreveu o repórter.
A reportagem definiu como pessoas de “terceiro sexo” os gays que supostamente estavam na praça e disse que havia duas dezenas deles se reunindo rotineiramente no local. Eles eram vistoriados, segundo relato da polícia.
O delegado da época, Manoel Bonfim, foi ouvido pelo jornal e disse que havia blitzes constantes para “espantá-los dali”.
Há relatos de pessoas da comunidade LGBTQIA+ de Anápolis na época. Um indivíduo conhecido como ‘Terezão’ disse que era a “estrela” da cidade, enquanto “Betinha” alegou esconder a opção sexual dos pais.
Repercussão
Nas redes sociais, a maioria dos internautas fez piada com a reportagem da época. Mas, claro, também, houve revolta de muitos dos internautas.