Padre de Anápolis é condenado por chamar de assassino médico que fez aborto legal em criança
Garotinha de 10 anos foi estuprada pelo tio e conseguiu na Justiça o direito de interromper a gestação
O padre Lodi da Cruz, de Anápolis, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) a pagar uma indenização por danos morais ao médico obstetra Olímpio Barbosa de Moraes Filho. A decisão se deu na última sexta-feira (17), após ele ter chamado o profissional da saúde de assassino.
O julgamento ocorreu praticamente três anos após caso, em 2020. À época, o sacerdote atacou o profissional da saúde por conta de um aborto legal, aprovado pela Justiça, que foi realizado em uma menina de apenas 10 anos, que havia sido estuprada pelo tio no Espírito Santo (ES).
O caso teve grande repercussão nacional e as alas conservadoras se posicionaram fortemente contra a retirada do feto, incluindo o padre Lodi, que é fundador da Associação Pró-Vida.
Durante o julgamento, a defesa do réu afirmou ter havido adulteração e que o conteúdo original não continha a palavra “assassino”, mas “assassínio”. No entanto, a afirmação não foi acatada pelo tribunal.
Na decisão, o juiz Adriano Mariano de Oliveira expressou que “apesar da liberdade de expressão, não se pode imputar a uma outra pessoa comentários ofensivos que abalem sua imagem pessoal e profissional baseados em temas polêmicos que inclusive dividem opiniões”.
O pedido inicial da indenização era de R$ 40 mil, contudo o magistrado afirmou que a fixação do quantum indenizatório deveria se dar de acordo com o contexto, analisando a situação econômica das partes e outros pormenores.
Então, o padre foi condenado a pagar R$ 10 mil ao médico por danos morais, além de ter sido proibido de divulgar o caso, como já havia feito anteriormente. Além disso, o réu estará sujeito ao pagamento de uma multa caso não cumpra as medidas definidas.
Recorrente
Esta não é a primeira vez que o padre Lodi da Cruz é condenado a pagar indenização.
Em 2005, ele entrou na justiça para impedir que uma mulher grávida, cuja criança era portadora de uma síndrome que impede a vida após o parto, tivesse o aborto legal concedido.
O sacerdote chegou a vencer a ação, no entanto, logo após o nascimento, a criança portadora de Body Stalk morreu.
Como a morte já era prevista, devido a todo o sofrimento que teve que passar, a mãe entrou na justiça e, 15 anos depois, conseguiu ser indenizada em R$ 400 mil.