Novo desdobramento sobre caso Fábio Escobar envolve morte de testemunha
Segundo Ministério Público, sete pessoas relacionadas ao caso morreram
No dia 24 de agosto deste ano, uma testemunha de defesa do caso Fábio Escobar – empresário assassinado em uma emboscada em 2021, também foi morta. A última vítima era Lucas Costa Lopes Moreira, de 31 anos, um pedreiro dono de um aparelho celular utilizado no homicídio pregresso.
Informações divulgadas pelo O Popular apontam que ele trafegava em um carro, acompanhado de outro homem, pela BR-414, na zona rural de Niquelândia. Em certo momento, passou a ser seguido por uma viatura da Polícia Militar (PM), que estava em busca de supostos assaltantes de fazendas pela região.
Ambos teriam descido do carro e corrido para uma mata, às margens da rodovia, segundo o relato policial. Um deles escapou, enquanto Lucas teria atirado contra os militares com um revólver calibre 32, sendo atingido em revide ao eclodir um tiroteio.
Os policiais ainda relatam ter prestado socorro à vítima, a conduzindo para o Hospital Municipal de Niquelândia. Apesar da tentativa, o pedreiro morreu na unidade. Pertences, que estavam no carro dele, foram apresentados como objetos utilizados nos crimes.
Em contrapartida, a família do trabalhador admitiu que ele tem duas passagens por roubo, mas nega que ele tenha uma “extensa ficha criminal”, fato apontado pela PM, conforme O Popular.
Detalhe
O caso Fábio Escobar teve intrincados desdobramentos e já foi relacionado às mortes de 7 outras pessoas – segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO) – com o intuito de encobrir o crime. Apesar do suposto envolvimento no assassinato de Fábio Escobar, a morte de Lucas só foi relacionada ao caso recentemente.
Isso porque apenas recentemente, após a Justiça notificar o pedreiro de uma audiência, o atestado de óbito foi protocolado no processo, mais de um mês após o registro da morte. O ponto-chave de envolvimento de Lucas no caso foram aparelhos celulares, que ele teria passado para um traficante.
Um desses aparelhos foi utilizado para atrair Fábio para o local onde foi executado. Entretanto, o próprio traficante alegou estar sendo perseguido pelos policiais envolvidos, de modo que três das sete mortes foram de colegas dele, incluindo a namorada, assassinada a tiros enquanto estava grávida.
Após adquirir o celular, ele o teria passado para a parceira. Todavia, a defesa dos policiais busca o enquadramento de que o celular pertencia ao traficante, que continua vivo, e, portanto, não teria relação com as outras 6 mortes, apontadas preliminarmente como queima de arquivo.
Em novembro serão realizadas as audiências de instrução, etapa que antecede a decisão de levar ou não os acusados a juri popular. Glauko e Thiago foram presos em setembro, já o terceiro militar envolvido é Erick, que está em liberdade desde setembro, após alegar excesso de prazo processual.
Acusações
Promotores do caso afirmam que Glauko estaria envolvido em 23 mortes de civis, entre 2020 e 2023, enquanto Thiago esteva presente em outras 8 mortes, entre 2021 e 2023. Welton, outro policial investigado, tirou a própria vida em janeiro de 2023, após trocar tiros com policiais civis que adentraram a casa dele para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão.
A morte reverberou na mídia por ele também ser suspeito de matar o fazendeiro Luiz Carlos Ribeiro da Silva, na cidade de Anápolis, em dezembro de 2022. Um dos fatos mais expressivos foi a relação de proximidade entre a vítima e o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (Republicanos).
As investigações também apontaram que o mandante do assassinato de Fábio Escobar teria sido Carlos César Savastano de Toledo, ex-auxiliar do Governo de Goiás, conhecido como Cacai. Eles teriam tido desavenças após as eleições estaduais de 2018.
Cacai está preso desde o dia 03 de junho, quando foi localizado no Distrito Federal após passar mais de 6 meses foragido e, desde então, já teve vários pedidos de liberdade negados.