Passageiros relatam diversos problemas em viagens de ônibus com a Viação Araguarina: “estamos cansados”
Ao Portal 6, uma dessas passageiras denunciou os altos preços e baixa qualidade do serviço, além de encaminhar registros dela sendo impedida de entrar no veículo
Passageiros que utilizam a Viação Araguarina diariamente têm relatado uma série de questões quanto à prestação de serviços da empresa, desde más condições dos ônibus até falta de respeito com passageiros e abuso de autoridade.
Uma dessas clientes foi a recepcionista Luciani Bueno de Oliveira, de 42 anos, que utiliza o transporte intermunicipal de Inhumas para Goiânia todos os dias e afirmou ter passado por diversos transtornos.
Ao Portal 6, a mulher relatou que os problemas começam antes mesmo do embarque, uma vez que os veículos não levam mais do que o permitido de pessoas sentadas, deixando vários passageiros para trás nas rodoviárias, sem qualquer tipo de frota adicional.
“Esses ônibus são semi-urbanos, pegam várias pessoas na estrada, pessoas no Triunfo, de Goianira, vai fazendo um trajeto pegando passageiro o tempo inteiro. Aí lota no ônibus, não tem condição de trazer e a gente vai ficando no prejuízo”, contou, em entrevista à reportagem.
Em um vídeo, Luciani exemplifica um caso em que o veículo chegou à rodoviária de Inhumas com somente seis cadeiras vazias, deixando todos os outros à mercê, podendo atrasar para os compromissos.
Retaliação
Nesta situação, a mulher tentou gravar o descaso, sendo impedida de subir no ônibus, inclusive sendo expulsa pelo motorista, que, segundo ela, a destratou.
“Os motoristas são super mal-educados, nos ameaçam, não querem que a gente grave, eles não querem que a gente faça a denúncia. Esse transtorno a gente sofre todos os dias”, contou.
Outro problema apresentado pela usuária do transporte público é a falta de acesso às passagens, que recentemente tiveram acréscimos, chegando a custar R$ 11,75.
Segundo ela, o único guichê fica localizado na rodoviária de Campinas, em Goiânia, e não é possível comprar bilhetes em Inhumas. Caso o passageiro queira conseguir uma viagem, ele precisa pagar diretamente para o motorista, sem qualquer tipo de troco ou facilitadores, como máquina de cartão ou Pix.
“Eles aumentam a passagem, diminuem a frota de ônibus, não colocam mais veículos à disposição e geram esse transtorno para a gente”, reclamou, indignada.
Falta de acessibilidade
Não bastassem os desafios, os automóveis também têm se mostrado pouco acessíveis, como apontou Luciani, relembrando um caso de uma pessoa cadeirante que não conseguiu realizar o embarque adequadamente, uma vez que nenhum dos ônibus da frota é adaptado.
“Essa linha de transporte é usada por nós que moramos em Inhumas, trabalhamos e estudamos em Goiânia. Fazemos esse trajeto todos os dias: sexta, sábado, domingo, segunda, carnaval, feriado, natal, ano novo, todos os dias. E só tem essa empresa prestadora de serviço”, pontuou.
Denúncia
Sem respostas, a trabalhadora relatou que já tentou conversar diretamente com a empresa, mas nunca recebeu um retorno para os problemas.
Agora, convicta dos próprios direitos, ela admitiu estar acionando um advogado a quem denunciará a Viação Araguarina ao Ministério Público de Goiás (MPGO).
“As pessoas sofrem tanta represália que ninguém tem coragem de denunciar. Eles [empresa] não gostam que filmem de jeito nenhum, eles querem que deixe em off. Ficam ameaçando, intimidando, tentando coibir as pessoas”, destacou.
A empresa, por sua vez, já chegou a ser condenada a pagar uma indenização de R$ 200 mil, após denúncia de uma série de problemas relativas ao transporte intermunicipal, em especial no trajeto entre Goiânia e Anápolis.
À época, foram levadas em consideração inúmeras reclamações por usuários do serviço, alegando diversas questões. A principal se tratava dos atrasos, que ocorriam diariamente e obrigando os passageiros a esperarem por longos intervalos de tempo.
Além disso, foram prestadas queixas de que a maioria da frota da empresa estava em mau estado de conservação e limpeza.
O que diz a empresa?
Durante a produção desta reportagem, o Portal 6 tentou entrar em contato com a Viação Araguarina, mas até o fechamento desta matéria não obtivemos retorno. O espaço segue em aberto para possíveis pronunciamentos.