Em Anápolis: vídeo mostra cãozinho sendo atacado por matilha em casa de acumulador de cachorros
Veterinária relatou ao Portal 6 que espaço não é adequado para tantos animais, mas que situação do morador também é sensível


Ganidos de dor e uivos sofridos marcaram a tarde desta terça-feira (08) para os moradores do Conjunto Mirage, região Norte de Anápolis. Não que não estejam acostumados com os latidos, que há mais de 10 anos se tornaram presença constante no local, porém desta vez a situação escalou para um nível preocupante.
Isso porque, em imagens enviadas ao Portal 6, é possível visualizar uma matilha de cães no interior de uma residência, mordendo e arrastando um cachorro de menor porte, que desesperadamente tenta se libertar.
Apesar do registro chocante, segundo a vizinhança, não é a primeira vez que algo do tipo ocorre, com brigas e barulhos de confusão entre os animais, até mesmo durante as madrugadas, tirando o sossego do bairro.
Como apurado pela reportagem, o dono do imóvel, já idoso, tem apego aos animais, os recolhe da rua e dá comida e abrigo, sem sinais aparentes de maus-tratos.

Em registro enviado à reportagem, que mostra parte dos cães, espaço onde eles vivem não parece ter sido adaptado. (Foto: Reprodução)
A situação, entretanto, está longe de uma solução simples. Na própria postagem denunciando o caso, internautas se dividiram, apontando que ao menos o idoso tentava ofertar abrigo aos cães, sendo isto melhor do que a alternativa de viver ao relento. Outros, porém, defenderam que ainda que a atitude seja nobre, é preciso que o local seja minimamente preparado para abrigar os cachorros.
Longe do ideal
Em entrevista ao Portal 6, a veterinária Yasmin Patrícia de Oliveira destacou que a briga entre os animais não aponta necessariamente para maus-tratos, uma vez que se trata de um comportamento natural para os animais.
“Até em abrigos bem cuidados, às vezes brigas acontecem. Isso tem muito a ver com a liderança entre os próprios cães. Em locais com muitos cachorros, sempre tem um chefe, que é quem manda. Daí, se esse cão avança para um, todos seguem ele”, explicou.
Porém, ela destacou que, pelas imagens, é notório que o espaço não é adequado para tamanho número de cães. Ela salientou que o ideal seriam baias separadas par alimentação, descanso e para a hora de fazer as necessidades.
“Um ambiente dessa forma, nos casos que a gente vê, de muitos animais juntos, sem suporte, normalmente quem toma conta tem alguma condição psicológica, passam quase que para acumuladores. É um caso bem sensível, tem gente que fala que é melhor do que estar na rua, mas não sei se é bem assim. Claro, nenhuma opção é a ideal, mas pelo menos na rua eles não ficam sem espaço, apilhados, aumentando chances de doenças. É bem complicado”, pontuou.
Sem paz
Ainda que as brigas entre os cães não sejam uma constante, o odor e latidos incessantes se tornaram um desafio para quem mora na região.
“Mais de 50 cachorros vivendo em meio lote. O fedor é insuportável, queima o nariz. De dia, passa alguém no portão dele, é latido que não acaba mais. Se um latindo já incomoda, imagina 30, 40. E de noite, parece que tá de dia. Como que dorme?”, lamentou Adair Francisco, morador do bairro há mais de 30 anos.

Moradores relatam que cerca de 50 cachorros vivem no imóvel. (Foto: Davi Galvão)
Funcionária de uma pamonharia na região, Denise Henrique de Souza contou à reportagem que, mesmo não sendo vizinha direta da casa, o fedor de fezes ainda invade o estabelecimento e é reclamação constante entre os clientes.
“Tem gente que vem, para, parece que vai descer, mas aí sente o cheiro e resolve procurar outro lugar, não é fácil. Quando chove então, fica insuportável”, comentou.
Outros comércios chegaram a até mesmo fechar as portas ante a situação, como o caso de um churrasquinho que se instalou na esquina da rua. Mesmo não estando em frente ao imóvel, o cheiro fétido tornou inviável a manutenção das atividades.
Tanto a Polícia Militar (PM) quanto a Vigilância Sanitária já foram acionados pela população, mas até o momento, nada foi feito. Caso a situação persista, os moradores relataram que pretendem contratar um advogado e procurar medidas jurídicas para lidarem com o caso.
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