Pais se revoltam após matrícula de aluno que cometeu atentado em colégio de Goiás

Em abaixo-assinado, responsáveis afirmam que presença do aluno representa “risco concreto à segurança coletiva”

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Comunidade escolar reage à rematrícula de adolescente autor de ataque em colégio estadual em Santa Tereza de Goiás
Imagem mostra pátio interno da Escola Estadual Dr. Marco Aurélio. (Foto: Reprodução)

Em uma ação conjunta, pais de estudantes do Colégio Estadual Dr. Marco Aurélio, em Santa Tereza de Goiás, se mobilizaram e realizaram, na segunda-feira (15), um abaixo-assinado contra o retorno de um aluno à instituição. O adolescente em questão foi autor de um ataque com bombas caseiras e arma branca ocorrido no local há cerca de dois anos, que deixou dois menores e uma professora feridos.

No documento, é informado que o rapaz foi matriculado pelo pai para cursar o 3º ano do Ensino Médio no ano letivo de 2026. Para os responsáveis, a presença do aluno representa um “risco concreto à segurança coletiva”.

O texto ainda relata que estudantes estão com medo e se sentem inseguros, e que alguns cogitam levar objetos para defesa pessoal.

Também foi mencionada a existência de uma medida protetiva envolvendo o jovem e a mãe, em decorrência de uma agressão ocorrida em Montividiu do Norte. A documentação foi encaminhada à Promotoria de Justiça da Comarca de Estrela do Norte.

“Diante desse contexto, considerando o fato de o aluno mencionado ter retornado à cidade e ter sido matriculado novamente pelo pai na mesma escola em que cometeu o ato, para cursar a 3ª série do Ensino Médio no ano letivo de 2026, esclarecemos que não se objetiva punição, tampouco a violação dos direitos do estudante envolvido, mas sim a adoção de medidas protetivas eficazes, tanto para ele quanto para os demais alunos”, diz o documento.

Em nota enviada à imprensa, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que a matrícula do estudante já foi efetivada e que, após o ocorrido, ele foi “encaminhado ao sistema socioeducativo, cumpriu, entre outras determinações, a frequência escolar e, inclusive, obteve boas notas e aprovação para as séries seguintes”. A nota completa pode ser lida ao final da matéria.

Crime

O ataque ocorreu em abril de 2023, quando o garoto — que à época tinha 13 anos — entrou na instituição de ensino com uma mochila contendo artefatos explosivos e armas brancas.

Entre os itens encontrados estavam uma machadinha, facas, estilete e bombas caseiras. Durante a ação, ele esfaqueou dois colegas e uma professora. As vítimas foram socorridas e não correram risco de vida.

Na ocasião, o adolescente foi contido por um funcionário da limpeza, que utilizou uma cadeira para dominá-lo no momento em que ele seguia para o auditório do colégio, onde pretendia usar os explosivos.

O jovem foi apreendido e, na delegacia, admitiu ter aprendido a fabricar os artefatos por meio de vídeos na internet. O caso teve ampla repercussão midiática e resultou em uma série de ações por parte do Governo de Goiás.

Horas após o atentado, a Seduc publicou uma portaria autorizando funcionários das escolas a realizarem revistas nas mochilas dos alunos. A medida teve validade de 90 dias, prazo estipulado pela administração estadual para a aquisição de detectores de metais nos colégios estaduais.

Leia a nota enviada pela Seduc:

“Em atenção à solicitação de informações sobre matrícula de estudante oriundo do sistema socioeducativo, a Secretaria de Estado da Educação de Goiás (Seduc/GO) esclarece e responde:

  • A matrícula do estudante para o ano letivo de 2026 já foi feita, conforme determinação legal e direito inequívoco do jovem;
  • Importante destacar que o estudante, antes de se matricular em unidade escolar em Santa Tereza de Goiás, foi aluno da rede pública estadual, em outra cidade, por dois anos consecutivos, não havendo qualquer registro que desabone seu comportamento durante as aulas e ou atividades escolares;
  • A Seduc/GO também ressalta que, o estudante, após a ocorrência que o levou ao sistema socioeducativo, cumpriu, entre outras determinações, a frequência à escola, tendo, inclusive, alcançado boas notas e a aprovação para as séries seguintes;
  • Assim exposto, a Secretaria Estadual da Educação, para além de assegurar a matrícula do aluno e garantir a continuidade de seus estudos, busca contribuir com todo o trabalho já desenvolvido por autoridades do Conselho Tutelar, Juizados, do Ministério Público, entre outros órgãos, diretamente responsáveis pela plena formação da cidadania do referido estudante.“

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Gabriella Pinheiro

Gabriella Pinheiro

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, está sempre atenta aos temas que impactam o dia a dia da população. Começou como estagiária no Portal 6 e, com dedicação e olhar apurado, chegou à editoria. Tem interesse especial na prestação de serviços, mas não dispensa uma boa reportagem ou uma história bem contada.

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