Em mês de festa junina, pamonha ainda é artigo raro em Anápolis

Ausência de chuva prejudica cultivo, deixa cereal caro e dificulta vida das pamonharias

Lucas Tavares Lucas Tavares -
Em mês de festa junina, pamonha ainda é artigo raro em Anápolis
Pamonha é um dos pratos preferidos dos goianos. (Foto: Reprodução)

O frio intenso, prejudicial para o cultivo do milho, já passou. Mas a falta de chuva e recursos hídricos faz com que o produto e seus derivados, como a pamonha, continuem em falta em Anápolis.

Na cidade, diversos estabelecimentos têm encontrado dificuldade para comprar um material de qualidade e corresponder a demanda nesse mês de festas juninas.

De acordo com o coordenador do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), Leonardo Machado, as condições climáticas são o principal agravante.

“A gente tem uma condição bastante complicada em abril, maio e junho. Prejudicou a produção do milho para a pamonha. Isso fez com que a oferta ficasse muito restrita”, disse ao Portal 6.

Segundo ele, em condições climáticas favoráveis esse problema não ocorre e que, a partir de agosto, isso deve melhorar.

“Para os próximos meses, ainda teremos uma condição de escassez, teremos pouca oferta no mercado. Até o grão ficou mais elevado. Há alta demanda internacional, além da interna. Tudo isso interferiu no preço”, explicou.

Proprietário da Pamonharia Jeitinho da Roça, na Vila Jussara, Isaias Souza Batista afirma que o valor da matéria prima está alto e a procura pelos pratos na loja também.

“O milho próprio da pamonha está faltando. É um milho mais difícil de trabalhar com ele na seca, devido às pragas e o valor muito alto. Como não pode mais tirar água dos rios, quase não esta tendo como plantar”.

“60 espigas do pamonheiro estão custando R$ 75 mais ou menos. O [milho] sequeiro está R$ 50 a mão. Ele até pode dar para fazer pamonha, mas aquela mais firme, mais dura”, continua.

Essa realidade fez com que, em alguns dias, Isaias fechasse as portas mais cedo. Mas ele espera que nos próximos meses, com a chegada da chuva, a situação mude. “A previsão de melhora só no final de outubro”.

Dona da Pamonharia Sabor Goiano, no bairro Jundiaí, Edna de Souza contou que os próprios estabelecimentos, em algumas situações, optam por não adquirir um milho de má qualidade nesse período.

“As vezes vêm bons, outras não. Esta semana veio alguns bastante ruins, isso porque causa do tempo frio. Começa a ficar caro, estou comprando 60 espigas por R$ 70. As vezes temos que fechar mais cedo porque falta pamonha”, lamentou.

“O pessoal trouxe o milho durante a noite e já não tem mais durante dia. Tenho que ir à Ceasa buscar mais. Até passar a seca não é muito bom. Na época da chuva da uma baixada [no preço] e a qualidade é melhor”, concluiu.

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