Anápolis poderá ficar atrás de Aparecida de Goiânia e Rio Verde na arrecadação do ICMS

Dados são do Índice provisório de Participação dos Municípios (IPM) e foram divulgados pela Secretaria de Estado da Economia

Karina Ribeiro Karina Ribeiro -
Anápolis poderá ficar atrás de Aparecida de Goiânia e Rio Verde na arrecadação do ICMS
Entrada do DAIA, em Anápolis. (Foto: Governo de Goiás)

A projeção da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de Anápolis para 2024 aponta para uma quebra recorde de – 8,69%. O declínio não é isolado e, se confirmado, será o quinto ano consecutivo que a cidade perde fôlego e destaque na economia goiana. Do outro lado, está Aparecida de Goiânia e Rio Verde (locomotiva do agronegócio goiano), que vem galgando números positivos e atraindo olhares de empresários do país e do mundo.

A perspectiva pode mexer também com outra peça no tabuleiro. A segunda colocação de Anápolis no ranking dos municípios que mais arrecadam ICMS em Goiás também estaria em cheque. Confirmando, a cidade reconhecida como Manchester Goiana, o posicionamento iria para quarto lugar – atrás de Aparecida de Goiânia e Rio Verde – que têm perspectivas de crescimento, em 2024, de 2,02% e 0,78%, respectivamente. Os dados fazem parte do Índice provisório de Participação dos Municípios (IPM) e foram divulgados pela Secretaria de Estado da Economia.

A mestre em economia e docente da UniEVANGÉLICA, Regiane Janaína Silva de Menezes, explica que, em 2022, houve uma alteração do Coíndice promovida pelo Governo Federal, que gerou impacto na arrecadação de todos os municípios – com a redução do índice de combustíveis e energia, por exemplo, para 17%.

Entretanto, ao considerar que a alteração afeta os municípios como um todo, essa mudança não poderia ser usada como âncora para o desempenho negativo contínuo.

“Não dá para falar de economia sem envolver política”, resume. Ela é clara ao dizer que o município de Aparecida de Goiânia vem investindo de forma consistente na atração de novas indústrias – aumentando o consumo e ritmo econômico.

Pensando como uma bola de neve, uma grande empresa acaba, por si só, atraindo pequenos e médios prestadores de serviço. Resultado: empregabilidade, investimentos – o que reflete em mais dividendos.

“Aparecida propõe incentivos e Anápolis ficou estagnada”, resume. Nos últimos anos, a cidade que compõe a Grande Goiânia, vem explorando capital político com doação de áreas e carência de pagamento de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), por exemplo, para se tornar o berço de novas empresas.

Neste ano o Portal 6 noticiou a migração de empresas que deixaram Anápolis para se instalar em Aparecida de Goiânia. Uma delas, a Roche, foi líder, por vários anos, como a maior contribuinte de ICMS em Anápolis.

Além do fechamento de postos de trabalho, a saída da empresa provoca outra mudança: neste ano, a Roche, que se mantém entre as maiores contribuintes de ICMS de Goiás, já aparece em novo endereço. A mesma dinâmica se aplica à DHL, principal empresa de logística do mundo, que deixou Anápolis e foi para Aparecida.

Assim, a roda gira em revés à Anápolis. Em 2020, a queda do ICMS foi de 5,20%; em 2021, houve uma nova baixa, de 3,65%; e em 2022, a perda foi de 3,67%. Neste ano, o cenário ficou ainda pior, com a redução da participação de Anápolis em 8,17%.

“Não há imediatismo na economia, mas se o cenário perdurar, é possível vislumbrar Aparecida, daqui a alguns anos, ocupando outro lugar no estado”, prevê. A mestre em economia diz respeito ao Produto Interno Bruto (PIB) – que, em resumo, é a soma de bens e produtos produzidos em um território.

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