‘Ele matou nosso menino e veio beber na nossa cara’, diz tia de entregador morto por advogado embriagado
Flagrante aconteceu nesta terça-feira (09), data que marca dois anos desde o fatídico episódio
De um jeito ou de outro, esta terça-feira (09) já marcaria uma data de saudade e, especialmente, pesar para a família de Wilkinson Leles do Nascimento, falecido há exatamente dois anos.
Porém, esses sentimentos foram agravados ainda mais pela amargura e sensação de injustiça ao ver o homem investigado pela fatalidade bebendo tranquilamente em frente à casa dos familiares, poucas quadras de distância de onde aconteceu o fatídico atropelamento, que tirou a vida do homem de 38 anos.
Nas imagens, gravadas pela mãe da vítima neste emblemático dia, o advogado Sérgio de Moraes foi flagrado no estabelecimento, onde estaria realizando o consumo de bebidas alcoólicas.
“É uma afronta para a gente, sabe? Na data que marca a morte do Wilkinson, ele vir aqui, beber na nossa cara, como se nada tivesse acontecido. A gente sente uma raiva que nem sabia que era possível sentir”, contou Irene Leles, tia da vítima, em entrevista ao Portal 6.
Ao notar a comoção, Irene contou que Sérgio se escondeu dentro do estabelecimento, tentando não ser filmado. Alguns momentos depois, com uma camiseta sobre o rosto, sobe em uma moto, sem capacete, e pilota para longe.
“É como se nada tivesse acontecido. Ele matou o nosso menino e segue a vida tranquilamente. Bebendo e dirigindo, sem nem usar capacete, parece que tem certeza que nada vai acontecer”, lamentou Irene.
A tia da vítima afirmou que, até hoje, seguem aguardando o julgamento do caso.
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Em tempo
No dia 9 de janeiro de 2022, Wilkinson estava pilotando pela Vila São José, em Anápolis, quando foi atingido por um veículo Ford KA, conduzido por Sérgio de Moraes.
Segundo relato de testemunhas aos policiais militares que estiveram no local, o condutor do carro trafegava na direção Centro – Vila Formosa e teria feito uma mudança repentina de sentido, atingindo a moto, que estaria em curso na direção contrária.
A vítima, que sofreu múltiplas fraturas em virtude do forte impacto entre os veículos, chegou a ser socorrida com vida e encaminhada ao Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA), mas não resistiu aos ferimentos.
Ainda, no mesmo mês, a Polícia Civil (PC) concluiu o inquérito do caso.
À época, o delegado Manoel Vanderic, titular da Delegacia Especializada em Investigações de Crimes de Trânsito (DICT) e responsável pela investigação, explicou que o indiciamento foi ratificado e mantido como homicídio doloso (quando se assume o risco de matar), além da embriaguez ao volante e fuga do local para evitar responsabilidade.
“O inquérito foi muito completo. Levantou provas testemunhais, periciais e videográficas que comprovaram a embriaguez ao dirigir e a culpa exclusiva do motorista na provocação do acidente, além da fuga”, afirmou.
“Diante da vida pregressa e de toda essa contumácia [insistência, obstinação] dele nos crimes de trânsito, ficou claro que ele assumiu o risco de produzir o resultado e, por isso, foi mantido o crime doloso”, justificou.
O inquérito foi, então, entregue ao Ministério Público de Goiás (MPGO), e segue sob a responsabilidade do Judiciário.
Sérgio de Moraes se apresentou às autoridades três semanas após o acidente, mas foi solto através de um pedido de habeas corpus, impetrado em maio do mesmo ano.
Dentre as condições para a manutenção da ação, estava o cumprimento de algumas medidas cautelares, como o recolhimento da carteira de habilitação (CNH), a proibição de dirigir durante o andamento do processo e o comparecimento ao juízo federal.
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