Polícia Civil desativa unidade especializada em crimes raciais e de intolerância em Anápolis
Fechamento da unidade, inaugurada em setembro de 2022, gerou revolta entre grupos ativistas: "retrocesso"
A Polícia Civil (PC) anunciou o encerramento dos trabalhos do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (GEACRI) em Anápolis.
A unidade, aberta em 14 de setembro de 2022, fechou as portas após ficar cerca de um ano e meio em atividade.
Em nota ao Portal 6, a assessoria de imprensa do órgão informou que esta medida foi tomada em decorrência da criação da Delegacia Estadual de Atendimento à Vítima de Crimes Raciais e de Intolerância (DEACRI), em Goiânia.
Sendo assim, a nova instituição policial ficará responsável pela investigação de crimes raciais ou de intolerância cometidos em qualquer cidade de Goiás.
No entanto, as denúncias ainda podem ser feitas em qualquer delegacia de Anápolis, mesmo com os casos sendo investigados em Goiânia.
Polêmica
Embora a decisão tenha como objetivo centralizar o atendimento ao público, diversos representantes de grupos ligados à causas raciais, religiosas e LGBTQIA+ se posicionaram contra essa alteração.
Thamisa Feitosa, advogada e membro da Comissão da Diversidade Sexual e Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Goiás, considerou o fechamento do GEACRI um retrocesso para a cidade.
“Recebo com frequência casos de pessoas que sofrem preconceito religioso e atos de discriminação. Por mais que a Geacri da capital tenha sido elevada ao status de delegacia, um grupo especializado não pode ser retirado a qualquer tempo, pois dificulta o acesso da população a seus direitos e descentraliza a pauta”.
Relembre
Desde que foi fundado, em 14 de setembro de 2022, o GEACRI atuou em casos que chamaram bastante a atenção no município.
Um deles foi uma investigação contra a Igreja Church City, após uma série de palestras que estariam incitando a “cura gay” em colégios estaduais de Anápolis, em 2023.
Ainda no final do ano passado, também se destacou uma investigação contra um jovem que teria se fantasiado de Leandrinha, pessoa com deficiência (PcD) e influencer ativista da área, durante o Halloween.
Por fim, um outro caso que marcou foi o de uma cafeteria do município, onde o filho do dono do estabelecimento teria comparado uma funcionária a um macaco e feito diversas outras ofensas.