Dona de creche que esqueceu bebê dentro de carro não tinha autorização para transportar nem cuidar de crianças
Flaviane Lima Souza tornou-se ré por homicídio qualificado com dolo eventual, após Justiça acatar a pedido do MPGO


A dona de creche suspeita de esquecer o pequeno Salomão Rodrigues Faustino, de apenas dois anos, dentro de um carro em Nerópolis, por cerca de quatro horas, não possuía autorização nem para administrar o berçário, nem para realizar o transporte da criança, segundo apontaram as investigações do caso.
Flaviane Lima Souza, de 36 anos, se tornou ré e deverá ser julgada por homicídio doloso qualificado, após a Justiça acatar à denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), nesta quarta-feira (05).
O texto aponta que o crime foi praticado com emprego de meio cruel, uma vez que o pequeno morreu de forma agonizante dentro do veículo fechado, onde passou por intermação (elevação de temperatura corporal). Ele foi deixado sem qualquer possibilidade de defesa, totalmente vulnerável.
Crianças estavam sob risco extremo
De acordo com o MPGO, a suspeita também foi denunciada por exercício ilegal de profissão ou atividade econômica, já que não atendia aos requisitos legais para atuar nesses serviços.
Por isso, a denúncia compreendeu que todas as crianças sob os cuidados de Flaviane estavam sendo colocadas em risco extremo, já que as atividades eram conduzidas de maneira precária e sem qualquer sistema de controle eficiente das crianças.
Análise completa
Analisando o caso e o inquérito policial, o MPGO concluiu que toda a conduta da denunciada deve ser avaliada, de modo a considerar todas as decisões e omissões ao longo do dia.
“O risco não decorreu de um erro isolado, mas, sim, de um cenário em que a denunciada operava sua atividade sem critérios mínimos de segurança, tornando previsível o resultado trágico e evidenciando sua indiferença em relação à sorte da vítima”, afirma o texto.
Segundo o promotor de Justiça que ofereceu a denúncia, Daniel Parreira da Silva Godoy, o caso não pode ser reduzido a um simples esquecimento. Isso porque a situação de risco foi o resultado de sucessivas decisões.
Ele também destacou a indiferença mostrada por Flaviane ao perceber o que havia ocorrido com Salomão. Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento em que a investigada se deu conta do ocorrido, quando ela se questiona o que fazer em seguida quanto a si mesma, mas não quanto à vítima.
Por fim, o Ministério Público pede a fixação de um valor mínimo para reparação dos danos causados pelo crime à família de Salomão.