Jovem colaborador da Equatorial que sofreu descarga elétrica em Anápolis é demitido após voltar ao trabalho

Charllyson Filho foi acionado para reparar um fio de alta tensão no bairro Jundiaí, ainda no mês de março, quando acabou se acidentando

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Jovem colaborador da Equatorial que sofreu descarga elétrica em Anápolis é demitido após voltar ao trabalho
Charllyson Filho Barbosa Ramos sofreu uma queimadura na mão enquanto trabalhava. (Foto: Reprodução)

Atualizada às 12h43

Afastado por 10 dias após sofrer uma descarga elétrica, Charllyson Filho Barbosa Ramos, de 25 anos, foi demitido logo após retornar ao trabalho, na Dínamo Engenharia, empresa que presta serviços para a Equatorial Energia.

O anapolino voltou ao serviço devido a uma liberação médica, mas ele não sabia que solicitar, no dia 11 de julho, o laudo pericial do acidente, poderia custar a permanência no emprego.

Além de negar a entrega da documentação, a empresa ainda demitiu o jovem sem justa causa, alegando “decisões internas”.

Após o desligamento, o trabalhador decidiu entrar com uma ação na Justiça para tentar reaver o acesso à perícia, um direito dele como vítima.

“Além de me negarem o documento, tiraram o sustento da minha família”, contou Charllyson, indignado.

Segundo Gabriel Fonseca, advogado responsável pelo caso, a postura da Dínamo Engenharia gerou “estranheza”, indicando uma “confissão de culpa”, mesmo que de forma indireta.

“Foi uma demissão arbitrária, sem qualquer motivo aparente, uma vez que Charllyson era um ótimo funcionário. Possivelmente o demitiram porque ele estava buscando seus direitos”, disse o profissional.

Segundo a defesa, o caso deve ser encaminhado para a esfera cível, por se tratar de um acidente com danos morais e materiais. Além disso, também há a possibilidade de ser direcionado à esfera trabalhista, uma vez que envolve diretamente a permanência do funcionário.

Em tempo

À época, Charllyson Filho Barbosa Ramos havia recebido uma gravíssima descarga elétrica, sem o uso de nenhum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado, enquanto trabalhava no bairro Jundiaí.

O jovem explicou que o acidente ocorreu devido a uma falha de comunicação na central da Equatorial, que liberou a entrada de uma equipe com um circuito energizado, sendo que o circuito em que ele trabalhava ainda não havia sido finalizado.

O trabalhador foi fortemente vitimado pelo choque, queimando a mão e sofrendo com diversas outras consequências corporais.

“Minha mão está com uma queimadura enorme e houve uma contração muito forte nos meus músculos, então estou com o corpo muito dolorido”, relatou, em entrevista à reportagem após o ocorrido.

Charllyson foi encaminhado ao Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (HEANA), onde ficou internado e depois continuou se tratando em casa.

Hoje, mais de cinco meses após o acidente, o técnico se diz “psicologicamente traumatizado”.

“Desde o acidente até hoje não tive sossego mental, foram perícias, oitivas, reuniões, e no final uma demissão que me deixa preocupado em como sustentar minha família. Às vezes, enquanto durmo, tenho sonhos levando choque, acordo tremendo, tenho insônia e minha mão ficou com uma sensibilidade horrível”, concluiu.

Leia nota da Equatorial na íntegra:

A Equatorial Goiás informa que preza pela segurança de todos os seus colaboradores durante a execução das suas tarefas do dia a dia. A concessionária salienta que acompanhou a investigação do acidente junto à empresa parceira e garantiu total assistência ao colaborador da terceirizada. Com o caso na justiça, a companhia ressalta que segue monitorando o processo com a empresa que presta serviços para a distribuidora.

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